'Minha filha sempre lutou em prol do feminismo e morreu como mais temia', diz mãe de estudante encontrada morta em SP
18/04/2025
(Foto: Reprodução) Bruna Oliveira da Silva, de 28 anos, desapareceu no domingo (13) após chegar à estação Itaquera, na Zona Leste. O corpo foi encontrado com marcas de agressão na quinta-feira (17). Bruna Oliveira da Silva deixa um filho
Reprodução
A mãe da estudante Bruna Oliveira da Silva de 28 anos — encontrada morta nos fundos de um estacionamento na Zona Leste de São Paulo na quinta-feira (17) — contou que a filha era sua grande inspiração de vida e que lutava contra a violência de gênero.
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
Mãe de um menino de 7 anos, Bruna havia desaparecido a caminho de casa, no último domingo (13), após descer da estação Corinthians-Itaquera. (Leia mais abaixo.)
"Minha filha sempre lutou em prol do feminismo. Ela era muito contra a violência contra a mulher. Ela estudava isso e morreu exatamente como ela mais temia e como eu mais temia. E aí pergunto: 'por que não fui eu?'. A dor seria bem menor", afirmou a mãe da jovem, Simone da Silva, à TV Globo.
"Hoje eu estou enterrando a minha princesa, a minha melhor amiga, a pessoa que eu podia contar. Eu a perdi. Está indo metade de mim ou mais da metade de mim. Quando que vou sorrir de novo? Não sei", continuou Simone.
Ela afirmou que tem mais dois filhos, mas Bruna era sua inspiração.
Ela falava para mim: 'mãe, estuda, e não dependa de ninguém. Estuda e trabalha'. Tudo o que consegui na minha vida foi ela me empurrando [apoiando]. E agora? Quem vai fazer isso?", desabafou Simone com a voz embargada.
O pai da jovem, Florisvaldo Araújo de Oliveira, afirmou que a filha era "uma criança gigante" e que "não tinha maldade nenhuma [no coração]". Sempre que via um cachorro ou gato abandonado na rua, tinha vontade de levá-lo para casa, compartilhou o pai.
A Bruna era meu mundo, a minha vida, minha filha única, me dava tanto conselho [...] Para mim, ela não vai morrer nunca. Onde eu estiver, ela vai estar do meu lado, porque ela era meu anjo da guarda. Onde eu ia, ela falava: juízo, não vai arrumar confusão.
Veja também
Desaparecimento
Bruna falou com a família pela última vez no domingo à noite
Reprodução
Segundo a família, Bruna passou o fim de semana na casa do namorado no Butantã, bairro localizado na Zona Oeste da capital paulista.
Na volta para casa no domingo à noite, a estudante pegou o metrô e se deslocou até a estação Corinthians-Itaquera da linha 3-Vermelha, na Zona Leste.
Enquanto isso, o pai de Bruna estava com o neto em casa, esperando a estudante chegar para que ele pudesse ir trabalhar.
Quando chegou à estação, a estudante ligou para mãe, informando que havia perdido o ônibus e que estava com pouca bateria no celular. Ela chegou a carregar por alguns minutos o aparelho em uma banca de jornal.
Segundo Simone, a distância entre o metrô e a casa da filha é 10 minutos a pé ou 5 minutos de carro. Como já estava tarde, ela combinou que iria pegar um carro por aplicativo, após receber uma transferência via Pix da família. No entanto, Bruna nunca voltou para casa.
"Eu falei com ela às 22h20. O último contato de visualização que ela tem no celular é às 22h30. A pessoa que pegou ela, pegou em menos de 5 minutos depois que falei com a minha filha", afirmou Simone.
Polícia tenta desvendar morte de estudante da USP, encontrada em terreno próximo ao metrô
O pai de Bruna ainda contou que desistiu de trabalhar para ficar com o neto e esperar a filha chegar. Ele acabou dormindo e percebeu que a filha não havia retornado para casa no dia seguinte.
Então, a família registrou um boletim de ocorrência de desaparecimento e deu início às buscas pela estudante.
Somente na tarde de quinta-feira (17) o corpo de Bruna foi encontrado com marcas de agressão num estacionamento na Avenida Miguel Ignácio Curi, região da Vila Carmosina.
A família compareceu ao Instituto Médico Legal (IML) nesta sexta e realizou o reconhecimento do corpo por meio das tatuagens da jovem.
Até o momento, não há informações sobre possíveis suspeitos ou a causa da morte. O caso está sendo investigado pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
"As investigações estão em andamento visando o total esclarecimento dos fatos", informou a Secretaria da Segurança Pública em nota.
Corpo de estudante que desapareceu após sair da estação Itaquera é encontrado com marcas de agressão em SP